O tempo, da mesma forma corre atrás do próprio tempo. Ele tenta em vão, alcançá-lo. A cada instante que passa, não vemos o tempo sumir na imensidão da nossa preocupação, de nossa visão entorpecida pela pressa, do nosso exagerado “preciosismo”, do tempo que não permite tirar o tempo para nós mesmos. Somos envoltos por ele. O tempo não para. Não perdoa. Simplesmente não o seguramos. É como a água do rio. A que passou não move mais o moinho de nossa vida, de nosso desejo insaciado, exacerbado. Para alcançá-lo temos que correr ─ e muito! Certamente jamais conseguiremos tocá-la sequer, quanto mais segurá-la. O tempo passa de desprentesioso a envolvente, de bomzinho a vilão, de reparador de emoções a carcomedor da esperança. Entretanto, somente o tempo tem o poder de nos dar muitas respostas. E qual é o tempo certo? Até que tempo esperar por uma resposta? Passamos muito tempo correndo atrás do tempo, sabendo que jamais o agarraremos.
Por mais que tentemos, ele está sempre a nossa frente. Quando nosso fôlego estiver à mercê de nossas forças, quando tudo parecer estar perdido, é possível que entenderemos muitas coisas, inclusive o tempo. Mas talvez já seja tarde demais...
Gabriel Chalita no livro (CARTAS ENTRE AMIGOS) vai ainda mais longe. Para ele, muitas vezes, somos beneplácitos com o tempo. Muitas vezes consentimos, aprovando, e aceitando, perdendo a oportunidade de aprender atravéz do tempo. E isso nos atormenta muito. Somos coniventes. Aceitamos as condições. Não lutamos.
É o tempo da espera, ansioso e cruel a cobrar-nos:
A espera pelo navio que naufragou
A espera pelo avião que caiu.
A espera pela semente que não germinou.
A espera pelo futuro que traiu.
Tentar reter o tempo é maluquice em vão. Alimentei-me, ilusoriamente desta simbiose. Ansioso busquei respostas, mas o tempo me cerceava. Enquanto eu meditava, o tempo passava. Corria para segura-lo, porém dentre “os dedos” ele fugia. Ledo engano.
Dessa forma, nossos anos passam com pleno consentimento do tempo. Mesmo incorrupto, ele é imperdoável, impiedoso. Meu tempo passou despercebido. Quando acordei, vi-me envolto pelo ininterrupto tempo. Jamais recuperarei o tempo que por mim passou. Correr atrás é ter a certeza de perder o tempo presente. Viver o presente é presentear-se com o melhor do tempo que tenho. Enfim, que o tempo me ouça, me permita de ser feliz, e dê tempo ao tempo para que o tempo não fuja do tempo que ainda tenho...
Quantas vezes, achei-me alvoroçado
Gozando de expectativa exacerbada
Abstrato de meu eu, vejo-me frustrado
E a esperança cai desatinada.
O coração sangra desolado
Pela frustração, foi perfurado
Forçado, revi meus princípios, o nada...

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