Observando um pássaro em pleno vôo, dando voltas conforme o vento lhe conduz, saboreando a tranqüilidade que as alturas lhe propiciam, sorvendo uma visão privilegiadíssima, pouco comum aos humanos, me questiono: por que nós, seres humanos ainda não usufruímos desta “invejável” liberdade que os empenados dispõem? Sabe-se que o homem, há muitos anos tenta voar, porém, não com a mesma desenvoltura e facilidade que os pássaros possuem, apenas atrelado a uma maquina, quer seja pilotando um avião, helicóptero, ou então acoplado a seu corpo um motor com hélice que o conduza para o alto, imitando uma ave em total liberdade.
Inúmeras são as invenções que o homem procura criar, aventando criar condições, tentando imitar ou aproximar-se da natureza. Indispondo de motores, aventureiros largam-se de um cume qualquer, visando alcançar o melhor vôo com a maior visão e duração de tempo nas alturas. Mas para atingir este ousado objetivo ele necessita de uma asa, equipamento este que imita as aves, chamadas de asa-delta.
Assim somos todos nós, eu, você. Menciono-me, porque costumo deparar-me com o pensamento nas alturas quão um pássaro sob uma íngreme e penhascosa montanha, sonhando alto, voando em liberdade e velocidade extrema, costumeiramente alcançando outras terras bem distantes, continentes estranhos e jamais visitados, lugares desconhecidos, enfim, vejo-me órfão de estadia, minha imaginação fértil e sedenta tanto flui que, preciso trazê-la de volta a mim mesmo, colocar os pés no chão, certificar-me de que estou na “terra firme” de meu ser, e reatar de mim mesmo a própria credibilidade. Sonhar têm sido as minhas asas propulsoras, e, a alavanca que me move conduzindo-me quem sabe um dia, estar num lugar no mais alto dos degraus do meu prazer.
Tentando imitar os empenados, eu procuro estar sempre nas alturas dos meus sonhos, de minha esperança, que vive acompanhada da loucura, pois é com base nestes momentos ermos que de mim fluem para criações literárias, saindo de não sei onde, com algo inexplicável guiando minhas idéias e meus instintos; sendo assim, é de lá das alturas que eu bem visualizo meus propósitos. Tudo que almejo, tudo que conquistei, ocorreu instantaneamente, olhando nas alturas, sendo atraído pelas estrelas em transe, e, em harmonia com a natureza e meu Espírito, velozmente focando a imaginação nas nuvens.
Não me classifico como um desvairado ou alucinado, perdido nas entranhas dos sonhos, entretanto, por vezes, meus pensamentos perdem-se de mim, elevam-se consideravelmente, maluquecem-se displicentemente tentando fugir as regras que a sociedade impõe, pondo-me numa saia justa irreal, porém realizável, sendo contestado pelos ponderáveis e hipócritas, enfim, do que a “sociedade toda certinha” exige e quer de mim.
Num momento, sou esse “eu”, por vezes corretissimo como as leis exigem, portanto, seguidor das “formulas milagrosas”, no entanto, as asas da liberdade transportam-me para tão alto quão um pássaro, e é lá, que me sinto mais feliz e liberto.

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