Revirando meus textos antigos, veja o que me aguardava pacientemente para uma possível publicação. Ao percorrer estas palavras, um pequeno texto que outrora suscitou-me escrever, pude perceber o quão minha vida já mudou, o quão Matuto eu era, e que enorme salto eu já dei que me proporcionou me conhecer melhor, saber das minhas reais possibilidades, meus sonhos outrora angustiados e espezinhados por sistemas arcaicos. Não que eu culpe os meus antepassados. Agradeço a Deus por minha singela evolução. Um dia, sei eu que, as minhas asas hão de me levar para voos bem mais altos, onde a magnitude do plena será a minha paz definitiva.
O Eu antes e Depois...
Desde a
prematura juventude, eu buscava informações; era desejoso de saber tudo que se
relacionava com o trabalho na roça. A agricultura sempre me fascinou, e,
naturalmente que tudo que dizia respeito a ela me interessava diretamente.
Enquanto trabalhava, precariamente devido a poucas opções de ferramentas, eu
fomentava o saber ouvindo os mais experientes em suas áreas. Na lide com bois
de canga, especialmente o arado me fascinava. Adorava observar meu pai desde a
madrugada fria o ver tombar a terra. O tapete verde das várzeas, eu via se
transformarem em terra virada de cor marrom. Esse aprendizado, mesmo rústico,
foi de grande valia, pois com o advento da máquina, pude aproveitar os saberes
acumulados. Tombar a terra, lançar a
semente e vê-la germinar e se transformar em planta robusta novamente era o meu
prazer. Nada substitui a este ego. Os anos passam, a experiência tornou-se uma
ferramenta de preciosa valia, aprimorada a cada dia. A passagem da era animal
para os tempos modernos rendeu-me larga euforia, sobretudo no que tange a
extensão de área a ser cultivada. Teoricamente, facilitaria o labuto, e
consequentemente teria mais tempo para mim e os meus. Ledo engano. Quanto mais
adquirimos máquinas modernas, mais temos que trabalhar para pagá-las e
mantê-las. E isso via de regra, todos estamos imbuídos num sistema que
aprisiona e “escraviza”. Mesmo assim, só de ver a lavoura se desenvolver
majestosa, nutria o meu prazer, dizimando por completo as adversidades que se
acentuam na caminhada.
Esta dedicação
total e irrestrita ao cultivo da terra eu me dediquei até 2004, quando meu
saber quis garimpar outras formas de aprendizado.
A partir de
março do ano acima citado minha vida se tornou um emaranhado de informações que
meu cérebro viu-se louco para armazenar tamanha mudança. Ao mesmo tempo em que
tinha que fomentar meu saber primário, o novo pedia espaço e exigia
aprimoramento e dedicação sob pena não desvendar os novos dizeres que a vida
queria impor-me. Tive que conciliar meu trabalho primário no campo, “mexer”
numa máquina totalmente estranha (computador) e, buscar mais conhecimento numa
sala de aula.
Muita coisa
nova de uma só vez para assimilar numa cabeça limitada e de neurônios antigos
se apresentando, na qual eu vivia isolado do mundo tecnológico.
Dividir o
espaço escolar com outros (as) colegas, tão ou mais “experimentados” que eu
fomentou o meu esforço, forçou-me a garimpar mais conhecimento, que através
disso, fez minha vida sofrer uma guinada jamais imaginado. Como a leitura
tornou-se ponto obrigatório na poltrona do meu tempo ócio a fim do meu
aprender, um leitor assíduo eu me transformei, na verdade, um alucinado
devorador de livros.
Com isso,
despertou em mim o desejo ardente de escrever. As letras foram se encostando e se
juntando, formando palavras que formaram frases, que enchiam folhas de cadernos,
completando textos, finalizando-se em histórias reais. Os fatos foram se
acumulando uns ao lado dos outros que, quando percebi, muitas poesias estavam se
entrelaçando, e um livro estava nascendo sem que me desse conta da grandeza de
minha humilde evolução. Como diz o autor: ─ “para que colhamos bons frutos,
precisamos antes de qualquer coisa, lançar boa semente”.
A minha
semente eu lancei. Espero que germine bela e vigorosa no terreno do meu sonho.
Se produzirá bons frutos, só o tempo dirá. Enquanto espero pela colheita,
cuidarei da “plantação” com todo o meu carinho e empenho, nutrindo-a com os
insumos da persistência e da perseverança. Sempre!
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