sábado, 22 de março de 2014


A palavra e a inspiração


Às vezes eu me questiono: porque eu me sinto impotente, se já fui muito bom na escrita? Se por hora não estou conseguindo juntar as silabas, ultimamente tenho estado um tanto desencorajado para com as palavras e a inspiração, fieis escudeiras de longas datas. Eu não compreendo como elas fogem assim de mim se nem mesmo me avisar, sobretudo quando eu mais preciso delas. De repente voltam como quem não quer nada e se recostam como que dizendo, vamos a luta que hoje eu resolvi se boazinha contigo. Não perde tempo, junta teus apetrechos e põe no papel o que eu tenho pra te inspirar. Então eu lhe questiono:
─ porque você (inspiração) foge de mim sem nem mesmo me dar uma satisfação? Sabe como é sempre tem quem me procura para uma poesia, um conto ou uma história qualquer, desde que tenha algum fundamento.
Com um ar de sarcasmo, responde a inspiração:
─ eu não me distancio de ti poeta. Estou sempre por perto. Você é que fica aéreo e avoado com o pensamento em outras coisas que não seja em mim e dai não consegue formar nada. Acho que você está apaixonado, daí em vez de ser criativo, mira todas as tuas atenções nessas coisas. Mulher é bom eu sei, mesmo assim contenha-se. Tudo há seu tempo.
─ Você (inspiração) em vez de me ajudar, ficando do meu lado, vem aqui querer me corrigir, dizer que meu pensamento voa e esqueço-me de criar frases. Às vezes penso em largar tudo, jogar tudo para o alto e esquecer essa idiotice que é escrever sonhos que mais parecem desconexas (aos olhos dos certinhos) e que tenho que garimpar. Pra que eu consiga tais escritas eu preciso gravitar em torno de mim mesmo, caso contrário, tudo em mim se desvanece.
A inspiração chamou a palavra que coincidentemente passava por ali e pediu-lhe uma opinião:
─ Amiga palavra, eu preciso que você me auxilie com este sonhador que está a um passo de desistir de nos endeusar. Creio que se a gente o encorajar, enaltecendo os seus escritos, talvez possamos fazer com que ele redescubra a sua melhor forma. O que achas disso, palavra?
─ Amiga inspiração, eu, há algum tempo venho percebendo que nosso amigo escritor está passando por uma fase difícil. O seu coração está envolto em situações desagradáveis que não convêm comentar. Até a família ele vem desdenhando, quanto mais nós duas que tanto fomos suas fieis escudeiras.
─ Visse amigo, disse a palavra. O problema é contigo e não com nós. Largue a mão de ser besta, esqueça a enrascada em que você se meteu e volte a ser o seu melhor.
O amigo escritor que a tempo ouvia calado, ficou matutando onde estava o erro.  Seria aquela morena que com as suas carícias roubou-lhe a concentração, ou seria aqueles olhos verdes daquela loira que desestabilizou as suas rimas?
─ Acho que já sei o que me acomete, disse o pensador. Se vocês prometerem me ajudar eu posso tentar esquecer as ilusões que tanto apoquentam a minha vida e ficar mais próximo da realidade, pois acho que é só com ela (a realidade) que eu vou conseguir.
A inspiração interveio:
─Não é a ilusão que te apoquenta ou te apequena, mas a forma que você a conduz.
A palavra complementou:
─ Isso mesmo. Não te desligues da ilusão. Ela é extremamente útil a ti. Você pode muito bem conviver com a ilusão e a realidade. Apenas saiba dosar que tudo dará certo.
─Mas vocês prometem ficarem sempre por perto de mim daqui por diante? Disse o escritor, já mais entusiasmado.
─Claro que sim, disse a inspiração.
A palavra emendou:
─Nós sempre fazemos parte de ti. Nós não o abandonamos, apenas nos afastamos para que você (escritor) pudesse refletir e sentir o quão errado estava. Agora que você entendeu a tua missão, só nos resta lhe apoiar em tudo que lhe vier à mente. Crie que nós o acompanhamos. Mãos a obra parceiro, e que consigas redigir grandes conquistas para que o público o aplauda de pé com todo merecimento, e nós duas estaremos sempre a teu lado soprando-lhe boas energias e muito positivismo.
─Obrigado a vocês amigas. Sem o reencontro dessa parceira eu certamente iria desistir. O legal foi o “puxão de orelha” que vocês me deram. Só assim para eu perceber o abismo em que eu ia me enfiar.
E dessa forma, tudo voltou ao normal, às amigas inseparáveis; a inspiração e a palavra permaneceram unidas para sempre junto do amigo escritor.
“Deus não nos abandona por completo; Ele apenas espera pacientemente que consigamos enxergar por si mesmos o erro cometido, e, com isso, possamos retomar o melhor caminho a seguir”.





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